sexta-feira, 19 de outubro de 2007

BILILDE: A origem e o significado do nome



BELILDE, usado também na forma de BILILDE, deriva do céltico (grupo de línguas indo-européias falada pelos celtas, povo de raça indo-germânica) e significa "combattente per il bello", (a combatente, a defensora do belo). O seu onomástico ou data de celebração ocorre no dia 27 de novembro, em memória da Santa Bililde, mártir no ano de 734.

Há longo tempo vinha buscando saber e, assim pesquisando, a origem e o significado do nome que meus avós maternos deram à minha saudosa e inesquecível mãe: Bililde Antônia. Sei lá, mas era algo que me tocava sempre saber de onde haviam se inspirado para batizá-la com tal e, aparentemente, exótico nome. Por fim, depois de umas duas décadas, desvendei o que me parecia um enigma.

E a seguir, no idioma italiano, a fonte que deu luz ao que, em princípio, parecia algo obscuro, indecifrável e imanifesto.


"Non si hanno notizie sicure sulla sua vita poiché i documenti che la concernono dipendono da una carta di Magonza, che tutti oggi riconoscono per un falso del secolo XII. Secondo la leggenda, dunque, Bililde nacque a Veitshochheim, presso Wùrzburg, e sposò il duca di Turingia. Partito il marito per una guerra, la santa si ritirò presso lo zio Sigiberto (o Rigiberto), vescovo di Magonza, ma, rimasta vedova molto presto, pose fine al suo ritiro per fondare il monastero di Altinfinster (identificato da alcuni con Hagenmiinster, nei pressi della stessa città) dove morì.

Mentre le notizie concernenti la Vita di Bililde sono scarsamente attendibili, certe sono le testimonianze del culto. In un calendario manoscritto di Fulda del secolo IX, oggi perduto ma consultato dal Mabillon nella biblioteca di S. Benigno a Digione, si leggevano queste parole: V Kal. dec. commemoratio sanctae Bilhildis virginis. A Magonza esiste anche oggi una piccola chiesa a lei dedicata. Si può quindi ammettere che Bililde visse presso Magonza, che fu vergine e non sposa, e che ebbe parte nella fondazione del monastero sopra ricordato. Morì probabilmente nel 734 e la sua festa ricorre il 27 novembre".

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Ecco! Siamo arrivati!

As fotos registram a comemoração dos 80 anos de idade do nonno Luiz Pagot, comemorados no dia 17 de setembro de 1995, dezessete dias antes da sua "partida" derradeira.
A comemoração com churrasco , galeto, muita salada e cerveja (o nonno não bebia ou bebia um copo de cerveja esporadicamente), reuniu todos os filhos (exceto o Osmar e suas filhas, o segundo mais velho), netos e a bisneta Bruna que segura no colo.

Tudo aconteceu sob parrerais, laranjeiras e bergamoteira que enchiam o quintal da casa como gostava o nonno Luiz.

Os registros fotográficos foram feitos por Francisco Antonio Pagot e pela sua filha Marcele Azambunja Pagot.

=========================

Na festa dos 80 anos do meu pai Luiz Pagot, em 17/09/1995, com os netos e a bisneta. Em pé: Caroline, Marcele, Greice, Christian, Bruno e Luciano Dalcin. Na 2ª fila: Gregory, il nonno Luiz Pagot com a bisneta Bruna no colo, Cassius, Aline e Thális.
A família Pagot, sob certo aspecto, deu sorte. Apesar dos momentos de verdadeiro pânico e incertezas, acentuados com o mal da peste (febre) que apanhou o filho Anacleto, que acabou chegando saudável ao Porto de Santos, onde aportaram exatamente no dia 9 de agosto de 1921, como comprova documento expedido pelo Projeto Imigrantes. Estava, assim, concluída a primeira etapa de um duro e árduo roteiro que deveria conduzí-los a uma real nova vida. Mas, como explicam os estudiosos sobre o significado dos nomes, coincidência ou não, Anacleto, que tempos depois viria a falecer ainda em conseqüência da febre, é nome originário do grego, e significa "aquele que foi chamado".

Il nonno Felice Pagot, cansado de trabalhar duro de sol-a-sol e sem perspectivas de um futuro mais tranqüilo e confortável para a família em sua pátria natal, a exemplo de dezenas de milhares de compatriotas, e depois de ter retornado da guerra que o separou por quatro anos da família, determinado a encontrar uma nova terra com a expectativa de uma vida mais digna e de perspectivas mais próspera, providenciou o passaporte de todos os membros da família (o casal e seus oito filhos) para o embarque no navio Conde D'Eu, que levantaria âncoras do Porto de Gênova, na Itália, entre os dias 18 ou 19 de fevereiro daquele 1921. O bastimento veio superpovoado de imigrantes. E esta foi, provavelmente, uma das últimas expedições oficiais trazendo italianos para trabalhar no Brasil.


A vantagem de optarem por Torino, no Rio Grande do Sul, era que aqui havia a expectativa mais real de pelo menos ter um pedaço de terra só seu, sem ter a obrigação de dar parte da produção em pagamento aos ávidos fazendeiros e donos de cafezais. Enfim, havia mais perspectivas e ainda poderiam ser donos de suas terras.
Mas, para sobreviver tiveram que se dedicar de corpo e alma ao trabalho, muito trabalho e muita dedicação, aliado a uma grande dose de coragem, fé e a determinação de vencer em uma pátria desconhecida, mas que adotaram também como sua. Era a concretização do sonho.
As propriedades eram cobertas de mato puro, e as famílias tinha que abrir grandes picadas e clareiras nas quais iriam viver por muitas gerações. Apesar do cansaço, da fome e das doenças, e sem muitos recursos, ainda restavam forças para manejar o facão ou o machado, a enxada e a foice. Estavam, a essa altura, entre os milhares de italianos que vieram fincar bandeira em solo gaúcho.
Foi perseguindo esse tipo de vida - a realização de um sonho - que os Pagot desembarcaram em solo brasileiro, vindos da localidade de Gaiarine, na Província de Treviso, região do Vêneto, naquele ano de 1921. Hoje se pode dizer que foi importante a decisão do nonno Felice Pagot em fazer os passaportes de toda a família, pois lá não teriam tido as mesmas possibilidades ou um futuro com perspectivas de uma vida melhor e mais digna. Aqui conseguiram o bastante para, mesmo com tremendas dificuldades, terem o seu próprio pedaço de terra, e legarem aos filhos uma vida pautada pela dignidade.
Hoje, quem lê essa história de bravura, e comum a todos os imigrantes italianos, precisa olhar para trás na História.
E assim os imigrantes foram vencendo a curva do tempo ... para cima.
Foi nessa balada que Felice Pagot e Ângela Di Giusti Pagot conceberam mais quatro filhos: Mérica, Lungino, Aparecida e o caçula João, que no dia cinco de novembro de 2006 comemorou seus 76 anos de vida e no dia 26 de fevereiro de 1999 suas "bodas de ouro" de casamento com a esposa Lenira.
Para superar a saudade da pátria-mãe e do isolamento, restavam aos imigrantes os filós, encontros tradicionais entre os vizinhos na colônia italiana, sempre com muita conversa (acompanhada da indisfarçável e imprescindível mímica das mãos), cantorias (canções quase sempre românticas e nostálgicas), comida e bebida farta (vinho e tudo o mais feito por eles próprios).
Pois, instalaram-se por longos anos nos Campos de Cima da Serra, ponto central da imigração italiana no Estado, mais especificamente em Torino, localidade encravada em Carlos Barbosa (hoje um próspero município), então distrito de Garibaldi.
Além das picadas abertas a facão e a machado, pás e foices, os italianos preparavam primeiramente a área a ser cultivada. E, para tanto, quando havia matagal com grandes árvores e ervas daninhas, usavam o sistema de queimadas e o corte de árvores para abrir clareiras e, assim, começarem o preparo da terra para o cultivo da roça. Logo após reviravam a terra com o uso de enxadas ou arados puxados por uma junta de bois ou até mesmo cavalos, manuseados pelos colonos. O arado tinha na parte traseira dois cabos de madeira em formato de forquilha, e entre os quais o colono se postava e se apoiava, fazendo pressão sobre a terra, enquanto a pá do arado ia revirando a terra fresca, formando longos e continuados sulcos, onde depois eram depositados os grãos de milho, feijão, trigo, etc. A semeadura, tanto no caso do milho como do feijão ou trigo, era feita com um rústico equipamento chamado de plantadeira que, através de um movimento de abre-e-fecha feito manualmente pelo colono de cima para baixo, ao mesmo tempo em que abria a cova, ia largando uma porção de sementes em quantidade quase iguais.
Homens e mulheres de sapa (enxada) na mão, chapéu de palha na cabeça, calças compridas (as mulheres usavam apenas pernas de calças sob os vestidos para evitar os espinhos e arranhões provocados pelos galhos do matagal, e panos em formato de lenços forrando a cabeça, sob o chapéu). Assim limpavam a área, remexiam a terra e abriam as covas para o plantio de sementes e mudas dos mais diversos tipos de culturas agrícolas, como milho, trigo, feijão, batata inglesa, batata doce, etc., que serviam de base ao seu sustento. Acordavam de madrugada e iam cedo da manhã para a roça, onde cumpriam a rotina da capina, semeadura, tudo depois de terem arado a terra, deixando-a pronta para o plantio. Isso logo depois de terem cumprido as outras lidas, como ordenhar as vacas e tratar todos os demais animais. Equipados com enxadas, foices e outros apetrechos mais necessários, que carregavam nos ombros, para desmatar o matagal, seguiam para a roça muitas vezes cantando as canções folclóricas e nostálgicas que lembravam seus antepassados. Próximo ao meio-dia um ou dois membro da família se encarregavam de buscar o almoço, que era preparado, ou até requentado, à sombra de alguma árvore nativa e frondosa.
Anos mais tarde já faziam isso de uma forma menos trabalhosa: iam de carreta puxada por uma junta de bois, o que facilitava o transporte do material para o trabalho e o alimento para o almoço, além de cantis cheios de água para saciar a sede. Até podiam levar os filhos menores que, via de regra, ficavam sentados ou próximo de locais onde haviam árvores e, por conseguinte, boa sombra que os protegiam do escaldante sol.
Depois de todo esse trabalho vinha a época das colheitas, o transporte dos produtos agrícolas feitos em carretas e o armazenamento em galpões de madeira, onde, numa etapa seguinte, ensacavam o trigo, o milho, a batata, etc. para ser levado à Cooperativa. E nos galpões também guardavam a palha, que servia para encher os colchões de dormir, feitos artesanalmente, enquanto que os travesseiros eram recheados de penas de galinha. Trabalhavam, inclusive, aos sábados. E só folgavam no domingo, assim mesmo depois de terem tirado o leite das vacas e tratados todos os animais, como cavalos, porcos, cabras, galinhas, etc.
Havia também aqueles que, paralelamente, optavam pelo cultivo de parrerais, com uvas de diferentes tipos, como a francesa.
A tudo isso aliavam o culto das suas tradições religiosas, com a compulsória ida à missa aos domingos e o culto dos hábitos e costumes herdados na sua pátria-mãe. Assim foram os dias, as semanas, os meses e os anos da maioria das famílias de imigrantes italianos por décadas e décadas.
A família Pagot, como todas as outras, passava a maior parte do tempo nas lidas da roça, da casa e no trato com le bestie. E de vez em quando, como forma de descanso, faziam filó, encontros em casa dos vizinhos compatriotas que serviam para matar saudades dos parentes e amigos deixados na distante Itália. Havia todo um sentimento cultural-romântico, que fazia dos imigrantes italianos, apesar da árdua luta para conquistar o seu espaço e obter o direito à propriedade, um povo alegre. E essa alegria era traduzida no tais filós. E era nesses encontros, que conversavam na língua da pátria-mãe, que contavam sobre as novas experiências e trocavam conhecimentos; comiam, bebiam vinho feito nas próprias cantinas e cultivavam o hábito das cantorias. E cantavam para matar saudades da pátria de origem e dos parentes lá deixados. Era nesses encontros que procuravam manter e cultuar os hábitos, os costumes e as tradições trazidas de sua terra natal, a agora longínqua Itália, os quais também iam legando, compulsoriamente, aos filhos e netos.
Lembro dessas histórias contadas pelo meu pai e minha mãe, principalmente do período em que a família chegara no Brasil e da vida nas fazendas de café em São Paulo. Dos hábitos e costumes lembro, até por experiência e vivência própria, e depois já morando na cidade, de esporádico convívio com os colonos italianos de Torino e Bento Gonçalves.
Recordo como se hoje, dos italianos no interior de Bento Gonçalves; e até da então Cantina Aurora, onde muitas vezes em férias na casa do nonno Felice ou dos tios Lungino e João, ajudei a esmagar as uvas com os pés nas grandes e redondas barricas de madeira, amarradas por arcos de ferro; que produziam, além do vinho em cantinas caseiras, a graspa (bebida feita a partir do bagaço da uva). Era tempo em que assistia os parentes fazer o queijo, butiro (manteiga), banha de porco e salame, que eram guardados nos porões das casas geralmente construídas com pedras irregulares, o que mantinha o ambiente bem mais fresco e próprio à conservação dos produtos coloniais. As dedicadas mulheres dos imigrantes italianos faziam a massa caseira, ou como chamavam, os bigolli, desde o preparo da massa propriamente dita até passar numa máquina, que era movida manualmente.
Me vem à lembrança o fogão à lenha - em alguns casos construidos de tijolos e abastecidos com lenha retirada de árvores, além de nós de pinhas que duravam mais e aqueciam o fogão por mais tempo - e cobertos por uma chapa de ferro, que servia inclusive para brustolar (fritar) a polenta já fria, assar pinhão e batata doce. Para eliminar a fumaça haviam as chaminés, sempre instaladas no lado externo da casa, feitas de tubos de latão ou alumínio. As panelas e as chaleiras eram de ferro, de alumínio ou esmaltadas, e havia também um ou mais paneleiros em formato de tripé, onde eram guardadas as panelas. Hoje cobiçadas relíquias.
Usavam-se bacias esmaltadas geralmente de branco, raras com detalhes em azul; o ferro de passar roupa aquecido à brasa de carvão; o fogareiro alimentado a querosene, que servia à noite para iluminar, tanto o jantar como para outras lidas domésticas das mulheres, com o bordar, o tricotear, o cozer as roupas ou até mesmo à feitura de espartilhos, saiãos e xales tricotados pela nonna e pela mamma.
Os colonos, para suprir a deficiência de fábricas para certos manufaturados, faziam as suas próprias gamelas (recipientes de madeira esculpidas em forma de concha, de diversos tamanhos, que serviam para salgar a carne, além de outras específicas destinadas a alimentar os animais ou mesmo para lavar os pés antes de dormir). Para fazer o pão caseiro construíam fornos com tijolos e barro, e ainda compravam tachos de cobre dos ciganos, que serviam de recipiente ideal à feitura e cozimento das chimias, como marmelada, uvada, goiabada, pessegada e figada, geralmente só para o consumo da família.
Essas, lembro, fazíamos ainda nos anos 50 e 60, já morando na Rua Frederico Guilherme Ludwig, em Canoas, (a rua assim batizada foi em homenagem ao criador de "O Canoeiro", primeiro jornal da cidade, manuscrito, que circulou no município, entre os passageiros do "trem de ferro" ou "Maria Fumaça", em 1909), e sob o comando da sempre disposta e dinâmica mamma. Não lembro de tê-la visto para por mais do que dez ou doze minutos. Sempre encontrava o que fazer. E, para não queimar a chimia, tinha que se mexer com uma grande pá (ou colher) de madeira continuadamente, até para que não se ficasse muito próximo ao fogo, que emanava um insuportável calor, mantendo, assim, a uma constante alta temperatura sob o tacho de cobre. A longa pá (ou colher) de madeira evitava, ainda, que fôssemos atingidos pelos respingos da "marmelada" quando em pleno processo de fervura.
Assim, o dejejum era farto e sortido, bem ao estilo dos hoje conhecidos e muito procurados "cafés coloniais", sendo, por outro, a mesa construída pelos próprios italianos, com pés geralmente torneados e até decorados artisticamente. A mesa posta com pão, queijo, salame, socol, morcília, mel e "chimias" feitas de variados tipos de frutas, como uva, pêssego, pêra, marmelo, pêssego e figo, passadas sobre as fatias de pão caseiro. Uma verdadeira e inigualável de-lí-cia!
Os móveis, com raras e esporádicas exceções, como as camas de ferro com lastros de molas (guardava uma, herdadaa dos meus pais, que tinha mais de cem anos até o ano de 2006), eram produzidos pelos próprios colonos italianos, como os armários para a cozinha, mesas de madeira e bancos longos e sem encosto, onde a família sentava reunida para as refeições. Não sem antes dedicar um breve tempo a oração de agradecimento pela refeição. Os guarda-roupas eram armários de madeira, com portas fechadas com tramelas (peças de madeira, que giram ao redor de um prego, para fechar portas, janelas, armários, porteiras, etc), e como detalhe útil gavetas, ou também com vãos abertos com prateleiras cuja frente era coberta por cortinas de tecidos quase sempre xadrez, que serviam para guardar as roupas, em especial as domingueiras, preservadas para serem usadas somente na ida à missa, às esporádicas festas e visitas aos parentes e vizinhos. Na cozinha, para guardar as louças, talheres e outros objetos menores, também armários de madeira feitos pelos próprios colonos. As camas, mesmo as de ferro, tinham colchões feitos artesanalmente pelas mulheres italianas em casa e recheados com palha de milho, enquanto os travesseiros eram forrados com penas de galinha. Nada ou quase nada era desperdiçado pelos colonos.
As compras eram quase sempre feitas nas casas comerciais chamadas de armarinhos, lojas onde eram vendidos tecidos, material de costura e atavios femininos, entre outras miudezas. Assim como o feijão, o café, o açúcar, a erva-mate, além de outros produtos, que eram guardados nos armarinhos em tulhas de madeiras, e as bebidas compradas em estabelecimentos chamados de bodegas ou "vendas", um pequeno armazém de secos e molhados. Nesses estabelecimentos podia-se encontrar também quase todo tipo de equipamento para a casa e o trabalho na roça, como talheres, pratos, bacias geralmente de alumínio ou esmaltadas, penicos ou urinóis, enxadas, pás, martelos, ancinhos, picão, foices, etc., já que funcionavam também como uma espécie de ferragem.
Os potreiros onde ficavam os bois, cavalos e cabras, ou os chiqueiros dos porcos eram, geralmente, cercados por taipas (uma espécie de muro construido com pedras sobre pedras e sem argamassa ou cimento para firmá-las). Os imigrantes italianos, ainda sem recursos financeiros e sem um comércio adequado às suas necessidades, tinham que produzir suas próprias carretas, cangas para os bois, arados, cabos de enxadas, de martelos, de foices, de pás, restelos (ancinhos), etc. E quase todos os homens da família aprendiam e sabiam executar as tarefas artesanais de construção de armários, cabos para ferramentas, arados, etc.
O domingo era um dia sagrado, já que os vênetos eram católicos por tradição e convicção religiosa, em que os colonos italianos quebravam a batida e exaustiva rotina da semana e se dedicavam às rezas. Acordavam tão cedo quanto nos dias de semana, ordenhavam as vacas e tratavam todos os outros animais. Depois tomavam o café da manhã com farta mesa de produtos coloniais que eles mesmos produziam, trocavam de roupa, punham o traje ou a muda domingueira. A pé, a cavalo ou de carreta iam em grupos à missa na capela da localidade. Os homens, depois da celebração da missa, normalmente, seguiam ou para a bodega ou para o clube, quando havia. E lá se reuniam com seus compatriotas para o jogar de cartas, como a bríscola, a scopa, ou a mora. Ou para a disputa de partidas de bocha ou bolão nas canchas que haviam no clube. Tudo regado a bicchieri de vino rosso.
Papai foi um grande jogador de bocha, ainda mesmo em Canoas, e como troféus ganhou diversos jogos de cristal e cobertas de mesa, algumas em legítima porcelana chinesa, que até hoje são preservadas com carinho, antes pela minha saudosa mãe, depois pela minha madrasta Juventina e hoje pelos manos Osmar e Dirceo, que os levaram como resultado da partilha dos móveis e objetos domésticos, repartidos depois da morte dos meus pais e da madrasta.
Em casa ou mesmo na bodega ou no clube, os adeptos fumantes, preparava com toda a paciência palheiros feitos com fumo de corda, que era cortado com a bristola, desfiado com o massagear das mãos e, finalmente, enrolados numa palha de milho fina. Outros já preferiam fumar cachimbo, como meu saudoso nonno Felice, um grande apreciador do bom e saudável vinho. Hábito que preservou até pouco antes de tomar o "passaporte" pro andar de cima.
À tarde, nos domingos depois da obriogatoriedade de assistir a missa, os mais jovens ou iam para o campo de futebol onde eram disputadas partidas entre os clubes (geralmente haviam só dois clubes) em cada localidade, ou se deslocavam para as localidades vizinhas com jogadores, esposas, namoradas e torcedores em cima da carroceria de carretas ou de um ou dois velhuscos caminhões. Ou, aonde havia, iam para o cinema, que geralmente tinha uma única sessão geralmente à tarde, já que os colonos se recolhiam cedo para suas casas, pois cedo no dia seguinte retomavam a atribulada rotina da semana.


* * * * * * * * *
Estes são fatos e atos que contam um pouco a dura e penosa saga dos imigrantes italianos, e aqui em particular das famílias Pagot e Carlotto, no Brasil e, em especial, na região de Cima da Serra, no Rio Grande do Sul, que compreende, hoje, cerca de uns vinte e seis municípios, com destaque para Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa, Farroupilha, Antônio Prado, Nova Prata e Cotiporã.
Um depoimento-documento que leva ao resgate e ao registro da história dessa brava, destemida e importante gente que, através da sua força, da sua determinação e da sua vocação para o trabalho, contribuíram de forma ímpar para o desenvolvimento e o progresso do nosso Estado.
Ecco, e per brindare, um saluto a tutti l´italiani che an aportatto nel questto paesi con su volonta e su lavoro.

Carlotto: origem e significado do sobrenome







Conforme o site Cidadania Italiana, na página “Origem de sobrenomes”, onde aprece apenas o sobrenome Carletti, consta como sendo “uma forma diminutiva do nome CARLO, que se origina no grego “karla”, que quer dizer homem livre. Assim, temos variações, como: Carlin, Carlesso, Carletti, Di Carlo, Caroli, Carlone, CARLOTTO, etc”.

Por outro, conforme pesquisas realizadas, o sobrenome familiar CARLOTTO é de origem italiana pura.

Entre outros descendentes dos Carlotto, e que foi vice-prefeito do município de Carlos Babosa, foi Olavo (Carlotto) Guerra.

CARLOS BARBOSA

Carlos Barbosa era dominada pela mata, e só depois da inauguração da Estação Ferroviária e a implantação do trem “Maria Fumaça”, o então distrito de Garibaldi começa a se desenvolver, lenta e gradativamente.

Como está registrado numa revista que foi publicada em Erexim, em 1932, em artigo de certa pungência e lirismo, republicado no Jornal Contexto, do meu primo Agostinho Carlotto Facchini:

“Avança o colosso à marcha lenta. Deslizando sobre os trilhos. Imponente, dirigi-se às montanhas, qual monstruosa serpente de duas cabeças, com o poder à frente e na causa, para com mais arte e felicidade, vencer os acidentes geológicos”.

Em 1908 foi inaugurada a primeira estação ferroviária do hoje município Carlos Barbosa, e em 7 de setembro de 1918 foi inaugurado o trecho da estrada de ferro entre Carlos Barbosa e Garibaldi, trecho que foi prolongado até Bento Gonçalves em 10 de agosto de 1919.

No ano de 1933, visando incrementar o turismo que crescia na região serrana do Estado com mais um atrativo, além de servir como veículo de difusão dos hábitos, das tradições e da cultura dos imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, foi reativado o ramal ferroviário para fins turísticos, partindo de Bento Gonçalves, passando por Garibaldi até a plataforma de Carlos Barbosa. E em 1997 foi realizado o primeiro passeio noturno turístico de Natal.

Hoje, entre outras atrações mais que o município oferece, como a Fenalatte, hoje Festiqueijo - Festa Nacional do Queijo e do Leite, e que tem sido motivo de curiosidade aos estrangeiros que visitam a cidade, existe a Tramontina, que hoje compõe um grupo de empresas que atuam no mercado nacional e mundial, na produção de cutelaria e fabrico de diversificados manufaturados, como conjunto de talheres, jogos de panelas, ferramentas diversas. Além disso, o município sedia a multinacional Irwin, empresa fundada sob o nome de Metalúrgica Carlos Barbosa, e especializada em puas de aço e brocas, fundada pelo meu tio Getúlio Carlotto, que era seu presidente, entre outros sócios. Também instalada em Carlos Barbosa uma unidade do Grupo Grendene, líder nacional do setor calçadista.

No setor esportivo, o destaque nacional fica com a equipe de futsal (futebol de salão, jogado em quadra de chão de madeira e integrada por quatro jogadores de cancha e um goleiro: a ACBF - Associação Carlos Barbosa de Futsal, que tem atraído torcedores de todo o Brasil nas disputas dos consagrados campeonatos estaduais e nacionais, onde a ACBF tem sido uma das equipes de destaques, inclusive emprestando muitos de seus jogadores à Seleção Brasileira de Futsal, diversas vezes campeão do mundo.

A história da Família Carlotto


Outra família de italianos, cujo cabeça do clã era Luiz Carlotto também imigrou da Itália: a Famiglia Carlotto, originária igualmente da Província de Treviso, situada no norte da Península Italiana. No Rio Grande do Sul instalaram-se na localidade de Carlos Barbosa, ainda distrito do município de Garibaldi, onde fincaram bandeira e estabeleceram sua trajetória de vida. Formaram família, com o cappo dos Carlotto, que perdeu quase que completamente a audição e depois de aposentado, trabalhando como sapateiro. Profissão que escolheu porque gostava. Tornou-se, assim, um especialistas em tratamento e trabalhos em couro, tanto que por longos anos prestou serviços ao Grupo Tramontina, originária e com matriz em Carlos Babosa

Casado com Maria Martimbianco, o casal teve oito filhos: Bililde Antônia, João, Egídia, Elisa, Inês, Roberto, Odila e Getúlio Agenor.

Pois, instalaram-se para sempre na região chamada de Campos de Cima da Serra, ponto central da imigração italiana no Estado, mais especificamente em Carlos Barbosa, então distrito de Garibaldi, cercada de vales profundos e chapadas, e por paredões basálticos de um lado e variada vegetação nativa do outro. Carlos Barbosa teve início no ano de 1877, ou seja, dois anos após a chegada dos primeiros imigrantes italianos ao Brasil, quando cinco famílias desses imigrantes lá se instalaram para começar uma nova vida: os Bragagnollo, os Comin, os Dal Bó, Bonatto e os Tessari. Aos poucos, com outros imigrantes de origem italiana, francesa e suíça, foram progredindo junto com a comunidade.

No hoje município de Carlos Barbosa a família Carlotto foi sempre muito respeitada e teve muito prestígio social. Lá Verdolindo (Nenê) Guerra, que casara com Egídia Carlotto, era o proprietário do Entreposto do Leite (distribuidor do leite produzido pelos colonos dos distritos e subdistritos vizinhos, além de ser o proprietário da Ferragem Guerra, que atendia, principalmente, os colonos das localidades vizinhas). O filho caçula dos Carlotto, Getúlio Agenor, fundou a Metalúrgica Carlos Barbosa, juntamente com outros 40 sócios, fábrica que produzia especificamente puas e congêneres. Em 1982 o controle acionário da empresa foi adquirido pela inglesa Irwin Industrial Tool Ferramentas do Brasil. A filha mais moça, Odila, dada a sua beleza, charme e personalidade, foi Rainha do Clube Cruzeiro, então o principal clube da sociedade barbosense e aposentou-se como Fiscal Tributarista do Estado.

Dados Genealógicos e registros históricos


Para se ter uma idéia e da diversificação que os membros da Família Pagot tiveram, e ainda têm, ilustramos tais feitos com os registros que se seguem.

Entre as pessoas com o mesmo sobrenome e de uma família de origem italiana, uma esteve estabelecida em São Paulo, onde também chegou Teresa Pagot, nascida a 04 de maio de 1909, em Mansuè, Província de Treviso, Itália.

Já no Rio Grande do Sul, quando se ouve ou se le o sobrenome Pagot, com certeza são parte das ramificações que a família passou a ter a partir do cabeça do clã, Felice Pagot. E, a partir daí, muitos foram se transferindo para outros estados, como Santa Catarina, Paraná,  Mato Grosso, Ceará, Tocantins e Rio de Janeiro, entre outros.

Essa é uma história que tem a haver com os Pagot. A Associação Gaúcha dos Produtores de Maçãs foi criada para congregar os produtores do Rio Grande do Sul. Ela surgiu em um período em que a atividade frutícola era pouco difundida, não apenas no Estado. Só para se ter uma idéia, quando do surgimento da Associação ainda se trabalhava com uma coleção superior a 80 variedades que estavam em pesquisa para identificar as que mais se adaptavam ao mercado e as nossas condições de clima e solo. Seu primeiro foi presidente, Marconi Izolan, sendo que a entidade funcionou no seu princípio em Porto Alegre. Para Vacaria ela foi por volta de 1983, quando Levino Pagot (filho de Antônio Pagot e, portanto, neto de Felice Pagot) foi presidente.

Em 1965, no município de São Miguel do Iguaçú, começou-se a cultura de Hortelã, início da nova administração pública, tendo como prefeito o Sr. Nadir Maggi, e depois Ferdinando Felice Pagot, este filho de Antônio Pagot, portanto neto mais velho do casal Felice e Ângela Di Giusti Pagot. Anos depois despontava como figura de destaque da política mato-grossense, o hoje (primeiro semestre de 2007) Secretário da Casa Civil do Governo do Estado, Luiz Antônio Pagot, que vem a ser bisneto dos cabeça do clã Pagot no Brasil. E mais recentemente, neste mês de outubro, Luiz Antônio Pagot foi nomeado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Estradas.

Pelo Norte, a única ponte para o mercado europeu é a Hidrovia do Rio Madeira. Gerenciada pela Hermasa Navegação da Amazônia, a hidrovia tem capacidade para armazenar e transportar dois milhões de toneladas de soja por ano. Noventa e cinco por cento da carga vem do oeste de Mato Grosso, região da Chapada dos Parecis, na divisa com Rondônia, dizia o então diretor-superintendente da Hermasa, Luiz Antônio Pagot. A soja sobe pela BR-364 até Porto Velho (RO) e depois rio acima, 1.115 quilômetros, para o porto de Itacoatiara (AM), de onde segue para a Europa.

Também na região colonial italiana do Rio Grande do Sul, mais especificamente radicados em Bento Gonçalves, existem descendentes de Luiz e Ângela Di Giusti Pagot, como os filhos Félix, Inês e Antônio (estes já falecidos) e Lungino e o caçula João, este um dos ex-sócios e fundador das Massas Isabelas, das principais empresas do setor de alimentação do ranking nacional.

Por outro, a família Pagot foi se dispersando por diversos estados e cidades do Brasil. Assim, há descendentes em Florianópolis / Santa Catarina, em Porto Alegre, Canoas (meu pai Luiz morou nesta cidade desde 1952, e sua irmã Mérica, a primeira filha do casal Felice e Ângela Pagot, a nascer no Brasil, depois de terem desembarcado no dia 9 de agosto de 1921, no Porto de Santos-SP), Cachoeirinha e em outros municípios do Rio Grande do Sul.

Origem e significado do nome



Nestes casos, topônimos nada tem a ver, diretamente, com apelidos da família, mas, sim, com o estudo da origem dos nomes de acidentes geográficos ou localidades que, por sua vez foram adotados como sobrenome em muitas famílias.

Os sobrenome englobados sob o título de toponímico são geralmente mais fáceis de serem reconhecidos do que os demais, pelo fato de se reportarem a um determinado local.

Grande parte dos toponímicos se originaram diretamente da denominação de uma cidade, de um povoado ou de uma região, normalmente o uso como sobrenome familiar repete o próprio nome da localidade ou faz uso do gentílico.

Ao mesmo tempo devemos salientar que muitas outras famílias, nascidas nestas localidades, também adotaram-na como sobrenome familiar, desta forma nunca pode-se afirmar que duas pessoas que se utilizem do mesmo toponímico como sobrenome sejam parentes sem antes fazer uma averiguação detalhada em suas árvores genealógicas.

Em média, o grupo dos toponímicos representam 37% dos sobrenomes italianos, sendo considerado o segundo maior grupo de sobrenomes italianos, só perdendo para os patronímicos.

A palavra Pagot foi uma forma regional reduzida para o termo original Pagotto, esta foi utilizada para identificar uma pessoa que fôra oriunda de uma região alpina denominada Alpago, cujo nome se origina da forma popular La Pago ou Lapago (do latim pagus, zona rural, aldeão) que evoluiu para Alpago. O habitante de tal localidade foi chamado de alpagotto e de pagotto, conforme ensina Ciro Mioranza no Dicionário dos sobrenome italianos.

Desta forma, em tempos remotos, alguém que fora proveniente desta região ficou conhecido como "Fulano il Pagotto" (Fulano o Pagotto), quando este senhor foi pai, seu filho então se identificou como "Sicrano Filius Pagotto" (Sicrano filho do Pagotto). Os filhos deste, ou melhor, netos do patriarca inicial apenas se utilizaram do termo após o primeiro nome como forma de se identificarem como membros desta família, o repasse do termo de geração em geração acabou por transformá-lo em um sobrenome familiar.

Devido ao contato de parte desta família, com outros dialetos existentes na época, o sobrenome foi alterado para Pagot, os indivíduos que passaram a se utilizar do novo termo criaram este braço familiar.

Pagot: A origem do nome



Segundo pesquisas realizadas, os cognomes, apelidos, sobrenomes ou nomes de família já eram utilizados na antigüidade, os romanos possuíam um sistema próprio de distinguir uma pessoa de outra pelo nome e por outros apostos a ele. Pela história desse povo, julga-se que este sistema tenha surgido em épocas remotas e que já fosse de uso comum logo após o inicio da expansão do poderio de Roma, os romanos possuíam um sistema pelo qual identificavam no nome do indivíduo qual seu clã de origem, foi a primeira forma de se identificar um grupo familiar em específico. Porém, com a queda do Império Romano, em 476 d.C., este sistema deixou de existir, caindo em desuso.

Na idade média (476-1453) passou, pois, a vigorar tão somente o nome de batismo para designar, distinguir e caracterizar as pessoas. Fala-se em nome de batismo porque, na época da queda do Império Romano Ocidental, a península itálica já era praticamente toda cristã. Por outro lado, os povos invasores foram cristianizados em massa no período que se segue à desagregação do Império. O cristianismo se tornou um elemento aglutinador que aproximou todos estes povos.

O estabelecimento de vários povos estrangeiros introduziu uma grande variedade de nomes e palavras que paulatinamente foram sendo latinizadas, salienta-se que os povos estrangeiros não possuíam a tradição da sobrenominização das pessoas, fato este que influiu sistematicamente no abandono de tal costume.

O aporte de grande acervo de novos nomes, trazidos pelos povos invasores, principalmente germânicos, o abandono da sistemática latina de individualizar pessoas, a influencia do cristianismo que difundia os nomes de seus mártires e santos criaram uma confusão generalizada. Os nomes se repetiam com freqüência o que tornava difícil distinguir um indivíduo de outro.

Surgiu então a necessidade de se estabelecer uma modalidade para se distinguir um cidadão do outro, para tal finalidade foram criadas algumas fórmulas que auxiliavam em tal distinção.

Na verdade, não foram estabelecidas normas baixadas por autoridades, mas sim o surgimento de um modo espontâneo na pena do escrivão, no convívio social e na linguagem popular que inventava formas para distinguir os dez ou vinte Johannes (João) que viviam na mesma comunidade.

Os primeiros registros do uso de sobrenomes familiares como hoje os conhecemos foram encontrados por volta do século VIII, ou seja após o ano 701 d.C.

Na Inglaterra, por exemplo, só passaram a ser usados depois de sua conquista pelos normandos, no ano de 1.066. Foi só no início do renascimento que os cognomes voltaram a ter aceitação geral.

No ano de 1563, o Concílio de Trento concretizou a adoção de sobrenomes, ao estabelecer nas igrejas os registros batismais, que exigiam, além do nome de batismo, que teria de ser um nome cristão, de santo ou santa, um sobrenome, ou nome de família.

Aqui começa a história das famílias CARLOTTO E PAGOT


É imperioso, para quem considera importante preservar as raizes, que se resgate a história dos antepassados. E mais importante quando esses antepassados são imigrantes ou descendentes, que tiveram que enfrentar uma árdua e até ingrata luta, não só para sobreviver, mas para desbravar o Estado, levando a Região dos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul ao desenvolvimento, progresso e projeção nacional. E assim venceram.

E dessa legião de imigrantes e descendentes fazem parte as minhas duas famílias CARLOTTO (oriúnda da região do Vêneto, Itália) e PAGOT, esta vinda da Itália, mais precisamente da localidade de Gaiarine, na Província de Treviso, região do Vêneto, em 9 de agosto de 1921, através do bastimento Conde D´Eu.
OS BRASÕES
O Brasão significa a insígnia ou distintivo de pessoa ou família nobre, conferido, em regra, por merecimento. São escudos de armas, divisa, emblema, e, ainda, honra e glória.
No sentido de heráldica, que é o conjunto dos emblemas dos brasões, este são peças, figuras e ornatos dispostos nos campos do escudo ou fora dele, e que representam as armas de uma nação, de um soberano, de uma família, de corporação, cidade, etc., como ensina o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
HERÁLDICA: COMO SURGIU?
A idéia de um brasão com seus ornamentos e símbolos sempre nos lembra títulos de nobreza, castelos medievais, palácios, pompa ou tradição. Se você pensa assim, saiba que esta errado, pois “é através da heráldica, uma ciência e arte que produz e estuda os brasões, interpreta origens e significado simbólico e social da família, grupo, nação ou instituição”, define o heraldista Gilberto Guzenski, uma das maiores autoridades brasileiras no assunto. O estudo da heráldica alem de sublime, porque empolga qualquer historiador, tem a magia de atrair com seus segredos e disciplinas, os aficcionados pelas artes em geral, a tal ponto que a maioria dos institutos heráldicos e geográficos possuem uma seção de heráldica, que longe de ser uma ciência estática, evolui com o tempo e acompanha as novas conquistas do conhecimento humano.
ORIGEM MILITAR
As origens da heráldica corrente são certamente militares e encontramos referência a ela em obras das mais altas antiguidades”, diz Guzenski. No Antigo Egito, as figuras heráldicas tinham significação simbólica. Como os guerreiros nos combates usavam armas de proteção que cobriam a face, era praticamente impossível distinguí-los uns dos outros se não tivessem qualquer sinal externo que os identificasse. Em épocas posteriores tornou-se necessário representar armas comuns a vários grupos de combate, afim de facilitar a sua reunião em torno de uma bandeira. Esses símbolos representavam o Chefe. A Heráldica surgiu e se consolidou na idade Média, quando o brasão principiou a ter mais sentido de significação na Europa, principalmente na época da acentuada mística religiosa, de intenso romantismo de arte. “Período glorioso de paixões trasbordantes, de arte grandiosa e inexplicáveis supertições, em que a sociedade feudal, a nobreza, a cavalaria e o clero, estavam em seu apogeu, pode-se facilmente entender o entusiasmo que em todas as classes sociais despertavam, o uso do brasão, que é a evocação da família, propriedade, honra e alarde de arte; isto é, manifestação dos sentimentos morais e culturais”. No tempo em que se engrandeceu a cavalaria, como grande manifestação de atitude e de honra, ocorriam os torneios, que eram lutas individuais ou em conjunto, entre cavaleiros. Na corte, a tarefa de anunciar alguma coisa para o povo era confiada aos ARAUTOS ou HERALDOS, que tinha a missão oficial de levar as declarações de guerra e estabelecimento da paz. Heráldica, cujo o nome, segundo alguns livros, vem da raiz da palavra alemã “har”, de “haren”, que quer dizer “gritar” ou “chamar”. O rei de armas sempre era escolhido entre os heraldos mais antigos. O papel dos Heraldos, era o de zelar por tudo que dizia respeito a brasões e títulos de nobreza, enfrentando os usurpadores de títulos e armoriais, cabendo-lhes a missão de publicar as datas das celebrações de festas e torneios entre as ordens de cavalaria, colocando em lugares bem visíveis os brasões dos cavaleiros que se enfrentariam. Os heraldos também tinham a missão de sortear o cavaleiro que teria o combate a seu favor - a condição de não lutar contra o sol.
LEIS DA HERÁLDICA
Para a composição de um brasão-de-armas é necessário que se obedeça a algumas regras. Ao lado destas regras, há também algumas leis universalmente aceitas, que regem toda a sistematização da heráldica. Uma destas leis diz respeito ao brasão, que é composto pelo escudo (peça mais importante) e de ornamentos exteriores como coroa, elmos, mantos e tenentes.
HERÁLDICA FAMILIAR.
Tudo começou na época da cavalaria, no auge da Idade Média, com os reis, príncipes e cavaleiros, que em torneios ou batalhas, não podiam ser identificados por causa da pesada armadura, como está explicitado nas origens militares. Por ordem, os Heraldos começaram a adquirir escudos com cores plenas. Mais tarde foram colocadas divisões que significavam cortes em seus escudos durante a guerra. Estes cortes eram perpentuados no escudo como divisões. Depois vieram as figuras fantásticas, como leões, dragões, unicórnios, águias, etc. As famílias começaram a receber estes brasões por hierarquia, merecimento ou serviços prestados ao reino.
Com o decorrer do tempo, tais escudos foram conservados pelas famílias e descendentes dos guerreiros, como troféus de glória. Saindo de sua condição de guerras, os brasões passaram para o âmbito de ciência heráldica, como símbolos de nobreza, de hierarquia eclesiástica, de corporações civis, militares, desportivas e de domínio. Daí por diante foram muitos brasões adotados para representar cada família, pois 90% da população da época não sabia ler, nem escrever, mas através destes desenhos, cada família podia ser identificadas por todos. Todas estas cores e peças que compõem o brasão tem seu significado próprio, o que permite a esta arte transforma-se numa ciência.
No império brasileiro, com a vinda da família Real, os brasões existentes foram concedidos as pessoas ilustres que prestavam relevante serviços os País, chamados de títulos nobiliárquicos, sendo que existem apenas 1.340 títulos, é só 240 possuem brasões, estes que na verdade são junções de brasões portugueses.
TÍTULOS DE NOBREZA BRASILEIRA:

Já no Brasil a heráldica tem se restringido aos barões, viscondes, condes, marqueses e duque e duquesas.